Lendo o Blog do Ricardo Teixeira, vi um post sobre uma pesquisa da Associação Médica Americana, Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine (AP&AM), que publicou em sua versão online os resultados de uma pesquisa que revelou que o uso patológico da internet aumenta a chance de um adolescente vir a desenvolver depressão. Estudo foi feito durante nove meses com aplicação de escalas de ansiedade, depressão e de avaliação do padrão de uso da internet com mais de mil chineses.
Vale a pena ler o texto do Ricardo, mas como a minha área é lazer gostaria de trazer outra visão sobre o mesmo assunto.
Primeiro o que é patologia e que relação pode ter isso com lazer? Segundo a Wikipédia patologia (derivado do grego pathos, sofrimento, doença, e logia, ciência, estudo) é o estudo das doenças em geral sob aspectos determinados. Ela envolve tanto a ciência básica quanto a prática clínica, e é devotada ao estudo das alterações estruturais e funcionais das células, dos tecidos e dos órgãos que estão ou podem estar sujeitos a doenças.
No lazer existe um texto escrito por Marcelino(2002) intitulado “Atitudes Patológicas”. O lazer segundo o autor é marcado por uma ambiguidade que pode contribuir para o “desenvolvimento de atitudes criticas e criativas com relação a esfera pessoal e social, ou simplesmente, acentuar o conformismo, levando a processos de acomodação”. E além dessa possibilidade, pede atenção para atitudes que possam trazer “valores destrutivos do lazer” (palavras do autor)e as caracteriza por patológicas. Fala da dificuldade de separar atitudes desejaveis e indesejaveis, mas que se deve considerar o modo como atraves desse tempo disponivel as pessoas podem colocar em risco sua qualidade de vida.
A relação se fez mais clara? Aparentemente sim, pois a preocupação de como o lazer ou a escolha feita no tempo livre pode trazer consequencias, é um fato!
Em reportagem na revista Carta Capital, Maurício Horta e William Vieira, escrevem que a internet ser uma “valvula de escape” (aqui caberia um outro texto sobre lazer, mas fica para uma próxima oportunidade) para os chineses, é a saída para descarregar a raiva contida nos jogos virtuais e para conhecer novos amigos, centenas deles tão distantes na vida real”(p.9). Na pesquisa da AP&AM o uso mais comum da internet foi para diversão (45%), seguido por busca de informação (28.1%) e comunicação com amigos (26.4%).
O estudo e a reportagem citados trazem uma situação na China, portanto entendo e respeito as diferenças econômicas, sociais, políticas entre outras, mas mesmo assim me pergunto (como no texto anterior ao citar Riesman), será que como diz a expressão “lá assim como cá”, algumas situações se repetem?
Não precisamos chegar ao ponto “patológico”, mas podemos conversar, entendo esse estudo e essa reportagem como uma forma de expor o extremo, mas creio que devemos acompanhar crianças e adolescentes e o uso dessas tecnologias. Ela faz parte da história e do crescimento dessa nova geração, e cabe a nós educadores (pais, médicos, professore...) propor possibilidades para que as pessoas desfrutem em seu tempo livre de diferentes formas, assim como Marcelino já escreveu, para “contribuir para a passagem de níveis conformistas a níveis críticos criativos, à justa distribuição do tempo e do espaço para o lazer, sem duvida fundamentais, deve-se somar uma ação cultural democratizadora, atenta ao seu caráter educativo.
MARCELLINO (2002) – Estudos do lazer: uma introdução Campinas 3 edição Autores Associados.
Blog Consciencia no dia-a-dia
Revista Carta Capital (21/jul/2010) Praia de Chines: Os cibercafésviram mania entre os jovens. E o governo distribui manuais para controlar o vicio.(p.8) Reportagem de Maurício Horta e William Vieira
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