segunda-feira, 5 de abril de 2010

Cursos de recreação: Uma aula de portugês

Trabalho e estudo lazer há mais de dez anos, trabalho desde 1998 e estudo desde a entrada na universidade em 2000. Universidade que me aproximou aos estudos do lazer e na época iniciei, entre outros textos, com Estudos do lazer: uma introdução (Marcellino), que através de textos curtos demonstra a amplitude que existe no interesse dos estudos do lazer. Na própria faculdade de Educação Física em trabalho de conclusão (que como todo trabalho quando revisto apresenta muitas lacunas, mas tem sua relevância, pois foi o primeiro trabalho de conclusão e parte do processo de introdução a área acadêmica) escrevi, junto com colegas de curso, sobre a formação do profissional. Estou enfatizando o assunto porque conversando com amigos que atuam na área, e em grandes instituições, falávamos sobre a proliferação dos chamados cursos de recreação. Em uma pesquisa simples em site de procura na internet o dado que aparece é de aproximadamente “3.010.000 para curso de recreação (0,23 segundos)”, poderíamos considerar um dado importantíssimo em tempos de crescimento da área de lazer e entretenimento e por que não falar em até hospitalidade (Brasil Copa 2014 – Olimpíada 2016 assuntos para outros textos). Nas palavras de Werneck (2001 p.34): “Em outras palavras, o mercado de trabalho que se abre nas sociedades contemporâneas vem anunciando que não mais necessita de pessoas encarregadas de “apertar parafusos”, mas de profissionais qualificados e dedicados a descobrir formas diferentes de fazê-lo e de atender as necessidades e os interesses das pessoas.” Lourençato (1998) afirma que “a empregabilidade é uma característica que espelha conhecimentos, habilidades e capacidades individuais. Quanto maior o nível de conhecimento do trabalhador, maiores suas possibilidades de ajustamento e adaptação ao mundo globalizado, isto é, maior sua empregabilidade.”
A empregabilidade descrita por Lourençato é um fim, quero voltar ao meios pelo qual ele chega a empregabilidade. O conhecimento, a habilidade e a adaptação ao mundo; Os cursos são formas de conhecer ou se aperfeiçoar.
Neste momento surge uma conjunção (mas, porém, contudo...), uso esta pequena análise, pois as conjunções são classificadas de acordo a relação de dependência sintática dos termos que ligam. Se conectarem orações ou termos pertencentes a um mesmo nível sintático, são ditas conjunções coordenativas (Wikpédia) Estas conjunções coordenativas podem ser (Cegalla 1991):
Aditivas que dão a idéia de adição, acrescentamento, nessa perspectiva imaginamos que essa quantidade de cursos existentes seria importante, somando a formação do individuo para melhorar sua formação tecnica e teórica para a execução de seu trabalho. Ex: “Os livros não só instruem, mas também divertem” (p.244) Adversativas que exprimem oposição, contraste, ressalva, compensação, seria este o momento de reflexão sobre a área e sobre a constituição de docentes e estruturas desses cursos. Vivenciar uma experiência em grupo para quem pretende atuar na área de lazer é valida, “porém” devemos sempre ter uma visão critica.Ex: “Querem ter dinheiro, mas não trabalham” (p.245) Alternativas que exprimem alternativa, alternância; Explicativas que precedem uma explicação, um motivo. Ex: Faça um curso reconhecido, pois este o ajudará em sua formação Explicativas que iniciam uma conclusão: logo, portanto, por conseguinte, pois (proposto ao verbo), por isso.
Para exemplificar cito um “congresso xxxx de lazer” (Estado de SP – julho/2010) cujo nome prefiro ocultar, pois não vou divulgar o que não aconselho. A principio este caso parece uma tentativa de com uma troca na nomenclatura (curso por congresso) que tente se apropriar de seu significado e valorizar, chamando a atenção para o pseudo congresso. Bourdieu(1998 pag.91) nos escreve:“A especificidade do discurso de autoridade (curso, sermão etc.) reside no fato de que não basta que ele seja compreendido (em alguns casos, ele pode inclusive não ser compreendido sem perder seu poder), é preciso que ele seja reconhecido enquanto tal para que possa exercer seu efeito próprio.”
Portanto para ser um congresso, não basta dar nome ele deve ser reconhecido como tal.
A palavra tem seus significados, no caso supracitado a palavra mais apropriada me parece ser “eloqüência”, que o mini dicionário Aurélio apresenta em sua segunda definição para palavra eloquência como “a arte de persuadir, comover, etc, pelas palavras”.
Portanto, chego assim ao ponto em que queria. Existem diversos meios para formação profissional no lazer, encontros nacionais como o ENAREL (Encontro Nacional de Recreação e Lazer) instituições como o Senac.
O texto não vai contra os cursos existentes, apenas alerta para a existencia de cursos “caça niqueis” que buscam arrecadar fundos para as empresas que o realizam.
Assim dentro de uma “conjunção explicativa” concluímos reiterando a importância de refletir sobre a prática e a formação nas diversas áreas e temáticas dentro e fora do lazer.

BOURDIEU, P. (1988) A Economia das Trocas Lingüísticas: O que Falar Quer Dizer. São Paulo: Edusp.
CEGALLA D P(1991) - Novíssima Gramática da língua portuguesa São Paulo Ed NacionalFERREIRA, A B H(1993) – Minidicionário da língua portuguesa 3.ed Rio de Janeiro: Nova Fronteira
MARCELLINO (2002) – Estudos do lazer: uma introdução Campinas 3 edição Autores Associados.
WERNECK C L G(2001) – Lazer e mercado: Panorama atual e implicações na sociedade brasileiraWIKIPEDIA - http://pt.wikipedia.org/wiki/Conjun%C3%A7%C3%A3o.

Um comentário:

  1. Bravo!!!!!

    Sou aluno do SENAC, e afirmo que participei de alguns cursos de recreação, bons cursos porém 90% dele aproveitado por alunos de Educação física apenas para ser usado nas atividades complementares, eu como aluno do SENAC aproveito mesmo para estudo de casos e aperfeiçoamento, pois os cursos apesar de bons não tem tanto conteúdo...

    Recreação é muito mais do que aplicar atividade, e se divertir.

    Abraços,...

    MARCELO SANÚ

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